Dos erros que cometi desde minha última saída de empresa: não parar. Esse é um texto que eu não costumo fazer, mas que talvez seja necessário, não só para mim, mas para outras pessoas também.
Há três meses, deixei meu emprego para seguir novos caminhos. No entanto, caí na armadilha de manter a mesma velha rotina. Trabalhava sem parar, tentando ser “produtivo” com o receio de cair na conveniência da ociosidade, quando, na verdade precisava dar um passo atrás para descansar e ganhar uma nova perspectiva. É um receio de "se eu parar agora, o mercado vai lembrar de mim? Será que as pessoas vão lembrar do meu potencial, dos meus talentos? Será que as empresas ainda vão continuar me procurando?"
A maioria das pessoas pensa assim. Ficar parado dá medo, eu sei. Medo do desconhecido, medo de perder o ritmo, medo de ficar para trás. Eu mesmo estou na luta para frear e finalmente parar para respirar e enxergar o quadro completo. Entender o que eu quero pra mim, para minha família, e o que é possível construir ou continuar construindo.
Nesse processo de continuar produzindo consegui alguns resultados, obviamente. Mas sinto que eu poderia ter tido mais resultados e com mais qualidade. E não consegui chegar mais além (ainda), exatamente por que eu acho eu não "decantei" as ideias. E não desfragmentei minha pobre mente. Eu não procurei analisar e meditar com afinco e calma nos últimos acontecimentos para ganhar consciência.
Fazer isso dá medo. Eu sei. Conheço um cara sensacional que ficou meses sem trabalhar, cuidado da saúde, da vida, descansando, ficando com a família, ficando sozinho e etc. Está tentando voltar pro mercado agora. O processo dele de procura por um lugar novo para trabalhar está sendo parecido com o meu, então, do que adiantou eu ficar "tentando ser produtivo e não ficar parado"?
Se você saiu por conta própria ou por outro motivo do seu emprego, ou de qualquer outra iniciativa, tente parar agora. Tire um dia sabático, uma semana, um mês, dois, três, doze meses, tanto faz. Mas "desfragmente" sua cabeça, seus pensamentos, seus desejos, medos, vontades, ambições ou falta delas.
Aproveite esse tempo para explorar novas atividades, hobbies, conhecer novas pessoas, viajar e se desafiar. Questione bastante. Pense no que você não gostaria de fazer de jeito nenhum e tente se certificar que isso realmente não é o caminho correto. Não querer fazer algo, não quer dizer que ela é o caminho errado.
Desacelere e permita-se sentir as emoções e principalmente suas fragilidades surjam nesse processo. Não tenha dó e nem medo de enfrentar as inseguranças. Use esse tempo para refletir sobre seus valores, objetivos e metas na vida. Já escreveu seus princípios? Digo, escrever mesmo, fazer um texto sobre os seus princípios e valores? Se não, tente fazer esse exercício. Eu fiz alguns anos atrás e estou revisitando agora. Gente, você começa a tentar entender os fundamentos e os reais significados das palavras que as empresas colam com adesivo na parede. E você começa a perceber que uma palavra não consegue ser suficiente, ela precisa estar acompanhada... Conexões interessantes acontecem. Experimente.
Se você está passando por uma transição, seja corajosa(o) e dê essa pausa. E eu entendo que há cenários onde isso não pode acontecer ou não é possível que isso aconteça, por vários e vários motivos. Então, se você tem esse privilégio, utilize. Se você não tem, tente desfragmentar enquanto continua em movimento. É bem mais difícil, mas é importante até mesmo para ajudar a não estragar mais a cabeça.
Quando você voltar, provavelmente você terá uma visão muito mais clara dos cenários. Estará mais pronta(o) para tomar as decisões certas e construir algo grandioso. Lembre-se, a vida passa rápido demais para não arriscar (essa foi do chatGPT, foi mal). :-)
Então, pare de tentar alcançar o ápice da produtividade, foque-se no seu presente agora, para construir um futuro incrível. Tire um tempo para si mesmo e desfragmente sua cabeça.
Você merece.
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