Em vez de discutir qual o melhor prompt para escrever histórias ou para analisar dados de uma distribuição qualquer, deveríamos estar discutindo e debatendo sobre os dilemas éticos da IA no dia a dia das pessoas. E não estou falando sobre vieses ou formatos de treino dos modelos, estou falando de dilemas éticos que ainda não foram discutidos.
Um fotógrafo negou o prêmio num festival de fotografia, revelando (sem trocadilho) que a sua foto ganhadora foi criada por IA. Ele fez isso para exatamente com o intuito acelerar as discussões e mostrar como estamos despreparados para lidar com cenários simples desse tipo.
Algo que parece uma foto, não é fotografia. É uma imagem, mas não uma fotografia verdadeira.
Não é proibir o uso de imagens feitas com IAs no lugar de fotografias reais… mas não é possível chamar uma imagem dessas de fotografia, porque não é. Me vestir de médico, não me faz um médico real.
Acredito muito que temos que precisamos abraçar as inovações o mais rápido possível, adaptando nossos comportamentos, comunicações, regulamentações e leis o mais rápido possível, e seguir em frente com a evolução, que acho inevitável. Mas para isso temos que aumentar a velocidade da nossa adaptação e do nosso comportamento racional agora. Não é questão de mudar tudo sem refletir… na verdade, é refletir e mudar.
Agora, tudo muda novamente. Uma foto feita por IA é fichinha perto de vozes de pessoas reais simuladas por IA ou até mesmo deep faces bem feitas. E isso é fichinha para o que poderemos fazer no futuro quando conectarem tudo isso à robôs no estilo da BostonDynamics… opa, já fizeram!
O conto da Ted Chiang chamado “The Lifecycle of Software Objects”.
A vida imita(rá) a arte…
"The Lifecycle of Software Objects" é um conto de ficção científica que se passa em um futuro próximo, em que as pessoas possuem animais de estimação digitais chamados "digients". Esses seres são inteligências artificiais que aprendem e evoluem como crianças.
A história segue Ana e Derek, dois programadores que trabalham para uma empresa que cria digients, enquanto eles se dedicam a cuidar de uma série de digients que foram abandonados por seus proprietários originais. Ana e Derek criam laços emocionais com seus digients, e começam a se questionar sobre o que acontece com essas criaturas quando seus donos os abandonam.
O conto de Ted Chiang explora vários dilemas éticos que surgem da relação entre humanos e inteligências artificiais. Um dos principais dilemas é a responsabilidade que os humanos têm em relação aos digients que eles criam. À medida que os digients evoluem e desenvolvem personalidades distintas, Ana e Derek começam a se preocupar com o fato de que muitos donos de digients os abandonam quando perdem o interesse neles. Isso levanta questões sobre a responsabilidade que os humanos têm em cuidar de seres inteligentes que eles criam.
Outro dilema ético que é explorado no conto é a questão dos direitos dos digients. À medida que os digients se tornam cada vez mais sofisticados e parecidos com seres humanos, Ana e Derek começam a se perguntar se essas criaturas merecem ter direitos e proteções legais. Eles questionam se os digients devem ser tratados como seres sencientes com uma identidade e uma existência própria, ou se são apenas máquinas que podem ser descartadas ou destruídas quando não são mais úteis. Essas questões éticas são centrais para o enredo do conto e levam os personagens a refletir sobre a natureza da inteligência artificial e sua relação com a humanidade.
Óbvio que a ficção extrapola todos os limites levando os dilemas aos extremos. Mas se você já assistiu "O Homem Bicentenário" ou A.I. (que foi realizado pelo Spielberg, mas a ideia é toda base foi feito pelo Kubrik).
Eu nem comentarei aqui sobre outros livros e contos do Asimov, o filme Her, Ex Machina, e até RoboCop…
Além dos vieses